quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Evolução a frio...

Na anterior ronda da Champions, vimos o conjunto de Guardiola realizar uma exibição que apelou a um grande esforço dos catalães. E este esforço tem uma relação exígua com factores externos à equipa do Barcelona.

Perante um adversário que procurou acima de tudo tapar os caminhos da sua baliza, os campeões europeus fizeram uma primeira parte de uma qualidade e concentração irrepreensíveis. O jogo posicional da equipa espanhola, com os sectores sempre juntos, e um notável critério no passe permitiu-lhes jogar os primeiros 45 minutos em cima do adversário sem, no entanto, se exporem a qualquer situação de perigo por parte da equipa russa. E foi neste último aspecto que encontrei motivos para dissertar sobre o dito encontro.

Se, por um lado, o jogo posicional e a excelente qualidade da posse e circulação de bola já não espanta ninguém, a maneira como o conjunto catalão conseguiu impor o seu estilo a um conjunto que "defende" uma cultura tão antagónica à sua foi um sinal inequívoco de uma equipa sem limites no que toca à evolução do seu modelo de jogo. É verdade que os altos níveis de concentração apenas duraram 45 minutos, mas, deste jogo, o Barcelona, mais do que perder dois pontos, evoluiu. Evoluiu com a experiência que lhe foi proporcionada durante a partida. Por mais que se treine, por mais que se incuta nos jogadores as dinâmicas que são pretendidas, só mesmo perante grandes adversidades eles podem evoluir e melhorar os seus conceitos de jogo.

A maneira como o Barcelona desmontava o "ferrolho" adversário (que começava com os seus dois avançados na linha de meio-campo, oscilando em função da bola, tentado cortar as linhas de passe para os médios no corredor central, ou criando superioridade nas linhas, para, desta forma, impedir a progressão compacta que caracteriza os catalães) foi perfeita. Sem precipitações, ou ansiedade, rodavam o esférico até conseguirem a linha de passe mais "sólida", não caindo na tentação de procurar em demasia, através do jogo directo, Ibrahimovic.

Seriam certamente poucas as equipas a conseguir, durante todo o jogo, o mesmo número de ocasiões que o Barcelona, perante um conjunto que simplesmente se dedicou a um único momento de jogo, alcançou. E isto sem se desequilibrar (a única vez que o conjunto russo logrou visar a baliza catalã com algum perigo foi no seguimento de um pontapé de canto... do Barcelona). Mais do que uma equipa de futebol ofensivo, o Barcelona é, cada vez mais, uma equipa "brutal" em todos os seus momentos.

Se há algo de importante a retirar deste jogo, não é o resultado, mas sim a capacidade do Barcelona em evoluir a cada adversidade com que se depara. E isto só é possivel porque a equipa respeita a sua identidade, o seu modelo. É desta "massa" que se fazem grandes equipas, grandeza essa que encontra fundamento na capacidade que têm para evoluir a cada jogo.

1 comentário:

Pedro disse...

Não sei se o Benfica-Marítimo deste ano não foi "pior" ainda...